ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 19-11-2002.
Aos dezenove dias do mês de
novembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Salão de Festas do Clube Sociedade
Polônia, na Avenida São Pedro, setecentos e setenta e oito, em Porto Alegre, a
Câmara Municipal de Porto Alegre, nos termos do artigo 7º, § 1º, do Regimento.
Às dezessete horas e trinta e três minutos, constatada a existência de quórum,
o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada
a homenagear o transcurso do Dia Nacional da Polônia, nos termos do
Requerimento nº 154/02 (Processo nº 3151/02), de autoria do Vereador Isaac
Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o Senhor Jacek Krzysztof Hinz, Embaixador da Polônia
no Brasil; o Senhor Ignácio José Kornowski, Presidente da Sociedade Polônia, e
esposa; o Senhor Paulo Ziulkowski, Prefeito Municipal de Mariana Pimentel - RS,
Presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul e
Presidente da Confederação Nacional dos Municípios, e esposa; o Senhor Edwin
Zembruski, Presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia, e esposa;
a Senhora Wanda Krepinski Groch, Cônsul Honorária da Polônia; o Deputado
Estadual eleito Sérgio Luís Stasinski; o Vereador Isaac Ainhorn, proponente
desta solenidade; o Vereador João Carlos Nedel, 1º Secretário da Câmara
Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para,
em pé, ouvirem os Hinos Nacionais Polonês e Brasileiro, cantados pela cantora
lírica Elenara Nunes, acompanhada pelo pianista Tiago Halewicz e, após,
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, prestou homenagem ao Dia Nacional da
Polônia, salientando que a comemoração desse dia decorre das disposições da Lei
Municipal nº 8.353/99 e externando seu reconhecimento à contribuição prestada
pelo povo polonês para a formação social e cultural da Cidade de Porto Alegre e
do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o Vereador Isaac Ainhorn procedeu à
entrega, ao Senhor Presidente e ao Senhor Ignácio José Kornowski, de
fotografias alusivas às comemorações do centenário da Sociedade Polônia e,
após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O
Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, teceu considerações
sobre aspectos de semelhança existentes entre os povos brasileiro e polonês,
notadamente quanto à predominância da religião católica. Também, enalteceu a
expressividade da presença das comunidades de origem polonesa no Brasil,
cumprimentando o Vereador Isaac Ainhorn pela iniciativa da presente solenidade.
Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Ignácio
José Kornowski e Jacek Krzysztof Hinz, que destacaram a importância da
homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Dia Nacional
da Polônia. Também, o Senhor Jacek Krzysztof Hinz procedeu à entrega, ao Senhor
Ignácio José Kornowski, de um álbum temático sobre as prefeituras existentes na
Polônia. A seguir, o Senhor Presidente informou que, após o encerramento da
presente solenidade, seriam realizadas apresentações artísticas de cantores e
grupos folclóricos, convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do
Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos
e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte minutos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Vereador José Fortunati e secretariados pelo
Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia Nacional da Polônia. Compõem a Mesa
o Ex.mo Sr. Jacek Krzysztof Hinz, Embaixador da Polônia no Brasil;
Sr. Ignácio José Kornowski e Senhora, Presidente da Sociedade Polônia; Senhor
Paulo Ziulkowski e Senhora, Presidente da Confederação Nacional dos Municípios,
Presidente da FAMURS e Prefeito Municipal de Mariana Pimentel; Sr. Edwin
Zembruski e Senhora, Presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia;
Senhor proponente desta homenagem, Ver. Isaac Ainhorn; Sr.ª Wanda Krepinski
Groch, Cônsul Honorária da Polônia; Sr. Deputado eleito pelo Partido dos
Trabalhadores Sérgio Stasinski. Demais autoridades presentes, senhoras e
senhores da Direção da Sociedade Polônia, senhores da imprensa, senhores e
senhoras da comunidade polonesa e demais membros da comunidade.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução dos Hinos da Polônia e
Nacional, pela cantora lírica Elenara Nunes acompanhada pelo pianista Tiago
Halewicz.
(Executam-se
o Hino da Polônia e Hino Nacional.)
O
Ver. Isaac Ainhorn, proponente desta homenagem, está com a palavra.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Honra-nos muito, nesta
oportunidade, participar de uma cerimônia extremamente singular na cidade Porto
Alegre, e não me consta, nos meus registros, que a Câmara, o Legislativo desta
Cidade, que tem duzentos e trinta e sete anos de existência, o Legislativo de
Aloísio Filho tenha, em algum momento, deslocado, por força de decisão soberana
do conjunto dos Vereadores, a Câmara Municipal para a sede da Sociedade
Polônia, aqui no 4.º Distrito, na região de um dos mais extraordinários homens
públicos desta Cidade, Aloísio Filho.
Há
pouco, nas referências que fazia, o Presidente da Câmara Municipal registrava
que este Vereador era o proponente desta Sessão. Neste momento, quero registrar
a todos, até por que mais foi uma deferência, uma gentileza desse que preside
esta Sessão, conquanto, hoje, as comemorações relativas ao Dia Nacional da
Polônia nascem por força de uma imposição legal, oriunda da Lei n.º 8.353, de
1.º de outubro de 1999, que estabelece no seu artigo 1.º: “Fica instituído, no
âmbito municipal, o Dia Nacional da Polônia, a ser comemorado, anualmente, no
dia 11 de novembro. Art. 2.º: A Câmara Municipal de Porto Alegre, em conjunto
com o Executivo do Município, a representação diplomática da Polônia, a
Sociedade Polônia e as demais entidades representativas da coletividade
polonesa local promoverá atividades comemorativas alusivas à data.” Essa Lei,
que já tem três anos de existência aqui na nossa Cidade, revela-se uma lei plenamente
exeqüível e uma realidade efetiva, conquanto, hoje, comemora-se o Dia Nacional
da Polônia, exatamente com a integração do Legislativo de Porto Alegre, com a
integração das autoridades diplomáticas polonesas no nosso País e com a
presença da Sociedade Polônia, numa nota extraordinária que certamente há de
permanecer gravada nos Anais desta Casa da Sociedade Polônia, porque o que se
observa é que essa instituição e o povo polonês são muito ciosos da sua
história e do seu passado, basta andar pelas galerias dessa sociedade para ver
a foto de todos os seus Presidentes. Nos mais de cem anos dessa instituição,
ela reverencia e preza o seu passado. Não fosse assim, a Polônia não teria
conseguido, definitivamente, a sua independência e a sua liberdade, que é
comemorada exatamente no dia 11 de novembro; fruto de contínuas lutas, de
dores, de sofrimentos e de obstáculos.
Quando
instituímos o Dia Nacional da Polônia, procuramos fazer, na distante Porto
Alegre, longe de Varsóvia, o reconhecimento à coragem de um povo que, embora
sofrido, perseguido e subjugado jamais desanimou na busca e na aspiração do que
almejava: a liberdade da Polônia.
Eu,
aqui, me refiro também a um outro dado de extrema importância e de uma idéia
extremamente moderna e contemporânea; é que a concepção xenófoba, a concepção
reacionária de que uma pessoa não poderia se identificar, do ponto de vista de
uma dupla identidade, hoje a história moderna revela ultrapassada essa
concepção. Uma expressão disso é o Rio Grande do Sul, onde os poloneses, que
constituem uma das mais expressivas etnias, se orgulham da sua condição de
brasileiros e de suas raízes polonesas, estimulando e reverenciando a sua
cultura, o seu folclore, a sua história e as suas tradições; e é isso que
enseja, de forma singular, a existência de uma Lei que comemora o Dia Nacional
da Polônia.
E
a Polônia tem nos dado inúmeros exemplos, alguns extremamente contemporâneos,
alguns deles muito presentes, e que eu cito aqui na sua luta permanente
contemporânea pela liberdade. Oprimida, subjugada, invadida pela Alemanha
nazista, enfrentou, através de um governo no exílio, e igualmente através da
luta dos guerrilheiros poloneses, a fera nazista. Mas também teve força
suficiente para enfrentar o tacão soviético, resistir e dizer um não, um basta
ao pseudosocialismo que na realidade não era um socialismo, mas era, isso sim,
uma intervenção direta que fazia da Polônia apenas um satélite de Moscou e das
intenções dos dirigentes, a exemplo do que ocorreu no passado com os czares, na
Rússia antiga.
Por
isso a nossa satisfação e o nosso orgulho neste momento, até por que também
somos oriundos e de raízes polonesas, tanto de parte de pai como de parte de
mãe, que teve que fugir antes da guerra, porque a presença do tacão nazista já
se fazia muito presente, anteriormente a 1939, com a intervenção de Hitler na
Polônia.
Hoje,
quando registramos o Dia Nacional da Polônia nesta Casa, quando a Câmara
Municipal, instituindo essa Lei, comemorou há três anos os cem anos da
Sociedade da Polônia, estamos resgatando e reverenciando a memória dessa grande
etnia que soube construir, ser responsável e partícipe do processo de
desenvolvimento econômico e social deste Estado do Rio Grande do Sul, onde é
marcante a presença polonesa; basta dizer que, hoje, a Assembléia Legislativa
do Estado do Rio Grande do Sul tem dois deputados estaduais oriundos da
comunidade polonesa - o Dep. Sérgio Stasinsky, recém-eleito, e o Dep. Iradir
Pietroski. Há uma figura das mais extraordinárias da vida pública brasileira,
que, com a sua modéstia, muitas vezes deixa de concorrer a grandes cargos
parlamentares no nosso País, que é a figura do Prefeito de Mariana Pimentel,
Sr. Paulo Ziulkowski.
Portanto,
Sr. Embaixador, o Rio Grande tem muito a agradecer à contribuição polonesa dada
pela vinda dos imigrantes poloneses a esta terra; mas de outro lado a Polônia
tem muito que se orgulhar dos seus descendentes, que ajudaram a construir esse
rincão no extremo meridional do nosso País. A nossa satisfação, nossa honra,
nossa enorme emoção, neste momento, de estarmos aqui, nesta histórica Sessão,
quando se comemora, nas instalações da Sociedade Polônia, o Dia Nacional da
Polônia.
Neste
momento, quero fazer a entrega, ao Sr. Presidente desta Casa, de um conjunto de
mais de cem fotos que a Câmara Municipal, no curso das comemorações, fez das
comemorações dos cem anos da Sociedade Polônia. Como ela é muito ciosa em
relação a sua memória, tenho a certeza de que essas fotos, que representam o
registro e a memória de um pedaço da história desta Casa, serão bem guardadas,
bem cuidadas para que um dia as gerações posteriores possam avaliar o que nós
fizemos aqui, as contribuições dessa instituição para o desenvolvimento da
sociedade humana e para a busca do engrandecimento, perseguindo,
permanentemente, as raízes da sua etnia da comunidade polonesa. Muito obrigado.
Neste
momento, se o Presidente me permitir, gostaria de quebrar o protocolo e
entregar ao Dr. Ignácio, Presidente da Sociedade Polônia, as fotos alusivas ao
centenário ocorrido há três anos.
(Procede-se
à entrega das fotos.) (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra, e falará em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Presidente, Sr. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Homenagear a Polônia é, para mim,
quase como homenagear o próprio Brasil, tal é a identidade que percebo entre os
dois países, este, a minha Pátria; aquele, um dos países que mais admiro, por sua
história e pelo caráter de seu povo. E também um dos com que mais me
identifico, pois sou natural de Cerro Largo, Distrito de São Luiz Gonzaga
naquela época, e vizinho ao de Guarani das Missões, que tinha e tem uma grande
colônia polonesa do Estado. Gente que a aprendi a conhecer e com quem me
acostumei a conviver, e dessa convivência nascendo não só a amizade mas também
a admiração, que haveriam de ser crescentes por toda a minha vida, na medida em
que com mais poloneses convivo. Outro forte fator de minha identidade com a
Polônia é o fator de ser ela marcadamente católica, tendo como símbolo de sua
fé a imagem da Virgem Negra de Czestochowa, ou seja, Nossa Senhora de Monte
Claro, reverenciada como padroeira do país e de seu povo; além, também, de ser
a terra natal de Karol Wojtyla, ou seja, o Papa João Paulo II, o grande líder
espiritual do mundo na virada do terceiro milênio.
Admiro
a Polônia também pelas figuras de muitos de seus patriotas, como por exemplo
Chopin, grande compositor do século XIX, conhecido pelas suas mazurcas e
polonaises; Copérnico, que defendeu até a morte sua convicção na teoria
heliocêntrica; e Marie Sklowodska Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel - de
Física e Química.
Na
condição de brasileiro e patriota, dou ênfase particular à expressiva
comunidade de origem polonesa no Brasil, estimada em mais de um milhão de
pessoas, bem como às tradicionais relações econômico-comerciais e ao diálogo
fluido e de alto nível entre autoridades dos dois países, o que confere
dimensão especial ao nosso relacionamento com a Polônia. Os quatorze acordos
bilaterais, diplomáticos ou de serviços, vigentes ou em andamento, além da
realização de dezenas de eventos bilaterais, são bem uma amostra da fortaleza
da amizade e da confiança que o Brasil devota à Polônia e ao povo polonês.
Eu
poderia prosseguir por horas falando sobre motivos que tenho, todos eles
especiais, para minha afinidade com aquele país e a sua gente. Mas quero
destacar, de modo particular, a perfeita integração que se fez entre aqueles
que migraram para o Brasil e os habitantes de nossa terra; gente que trazia
consigo apenas a força do seu trabalho, o engenho da sua inteligência e a
firmeza da sua convicção religiosa. Gente que atravessou a imensidão do oceano
para aqui buscar vida nova, trazida pela esperança de um mundo melhor, de
maiores oportunidades e de um futuro mais promissor. E que aqui tendo escolhido
para viver, assumiram por inteiro o dever de participar ativamente do progresso
e do desenvolvimento de nossa terra. Hoje são eles, seus descendentes,
brasileiros em toda a extensão da palavra, merecedores do nosso apreço e dignos
de nosso reconhecimento fraterno. Por isso, a presente Sessão Solene,
iniciativa do ilustre e querido Ver. Isaac Ainhorn, dá relevo à efeméride
excepcionalmente realizada fora da sede da Câmara Municipal, dá realce e
significado singulares a este evento, reforçando o nosso sentimento de acolhida
à operosa e simpática colônia polonesa em nossa Cidade.
A
Bancada do Partido Progressista, PPB, Sr. Presidente, por meu intermédio, e
expressando também a vontade e o pensamento pessoal dos companheiros Vereadores
João Antônio Dib, Pedro Américo Leal e Beto Moesch, por tudo quanto disse,
associa-se inteiramente à homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta
à Polônia na oportunidade em que comemora sua data nacional; e também
cumprimenta a Sociedade Polônia, que comemora cento e seis anos de fundação.
Fica
aqui, então, o nosso desejo de que Deus abençoe sempre a Polônia e os poloneses
de todos os cantos do mundo, especialmente os de Porto Alegre Parabéns!
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Sr. Ignácio José Kornowski está com a
palavra.
O SR. IGNÁCIO JOSÉ KORNOWSKI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Para nós, da Sociedade Polônia, hoje é
um dia realmente histórico, termos um evento transferido e acontecido aqui na
nossa Sociedade, pela Casa do Povo. É um momento histórico e que coroa o
trabalho da nossa etnia de tantos e tantos anos, justamente comemorando uma
data importantíssima, que é 11 de novembro de 1918, quando foi proclamada a
independência da Polônia; que teve inclusive a participação extraordinária de
um brasileiro, que foi Rui Barbosa, para que acontecesse a independência, em
nome da liberdade, o término da guerra na Europa. Dizia ele que era importante
a independência da Polônia para que se restabelecesse a ordem, se
restabelecesse a paz na Polônia. E esses poloneses, de antes e posteriores,
vindos para o Rio Grande do Sul, para Porto Alegre, com tantos problemas que
enfrentaram até chegar aqui, desenvolveram e se enraizaram aqui e nos deixaram
esse patrimônio cultural, social, de cento e seis anos, e hoje temos a honra de
receber autoridades expressivas para comemorar e homenagear a nossa etnia.
Hoje,
momentos são diferentes. Lutamos, etnicamente, pela nossa preservação,
preservação da cultura principalmente. Sabemos que no mundo globalizado não é
fácil, porque se perde o enraizamento étnico, mas acredito que também a
globalização facilita, pelas comunicações, intercâmbios que são proporcionados
a facilitar a propagação cultura. Isso acredito que está acontecendo numa era
nova. Como a Polônia está sofrendo transformações muito grandes sociais e
econômicas, o Brasil também está sofrendo. E o Brasil, com essa miscigenação,
principalmente no Rio Grande do Sul, onde a nossa etnia, com muito orgulho,
como dizia o Ver. Nedel, tem uma participação importantíssima na estruturação
da sociedade, na cultura religiosa, nas expressões profissionais. E a Sociedade
Polônia tem um papel importantíssimo principalmente quando aqui se reuniam
aqueles que vieram da Polônia, num momento de lazer e num momento de matar a
saudade.
Graças
ao incentivo e à luta do Ver. Isaac Ainhorn, diríamos, hoje, com toda certeza,
nosso querido Vereador, companheiro e amigo, somos destacados com uma Lei, e
acredito que é a única no Brasil, uma Lei com a qual se comemora a data
nacional da Polônia, homenageando a todos os poloneses e descendentes, principalmente
a sua cultura, o seu trabalho, o seu desenvolvimento.
Hoje,
temos uma etnia participativa na sociedade graças ao incentivo também dos
governantes ou dos representantes dos governos da Polônia. Temos muita sorte de
termos excelentes representantes. Eu citaria o Cônsul Marek, que deu muito
incentivo para nós; o embaixador anterior; o atual embaixador, que nos
prestigia, hoje, com toda a força, com o seu incentivo; além da Cônsul Grazyna,
com uma participação extraordinária também. Isso, com certeza, facilitará a
preservação da cultura de todas as etnias, além da participação cada vez maior
no intercâmbio entre Brasil e Polônia. É extremamente importante, neste
momento, esse movimento; porque há um crescimento muito forte tanto cultural
como de intercâmbio. E por esse motivo a Sociedade Polônia e todos os seus
componentes são eternamente gratos à Câmara dos Vereadores de Porto Alegre por
nos proporcionar este momento. Muito obrigado a todos. Muito obrigado, mesmo.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Sr. Jacek Krzysztof Hinz está com a
palavra.
O SR. JACEK KRZYSZTOF HINZ: Sr. Presidente, Srs. Verdores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) É realmente muito difícil falar depois
de tão belas e verdadeiras palavras ditas pelas personagens que falaram antes.
Foram palavras bonitas sobre a participação polonesa aqui em Porto Alegre,
sobre a Polônia e sobre os laços históricos entre a Polônia e o Brasil. Se me
permitem, eu quero somente assinalar algumas coisas. Foi precisamente o Brasil
o primeiro país da América do Sul que reconheceu a independência da Polônia.
Também Porto Alegre e Rio Grande do Sul têm um lugar muito especial no coração
dos poloneses. Aqui já chegaram os poloneses há mais de cem anos, fazendo-se
muito forte a sua presença nesta parte do Brasil, neste Estado e em Porto
Alegre. Para nós a presença polonesa em Porto Alegre é parte da nossa
identidade nacional, mas também significou e significa uma contribuição valiosa
para a história do Estado, para a história da Cidade, para a história do
Brasil.
Já
se mencionou aqui o Presidente Kaczorowski e o grande estadista brasileiro Rui
Barbosa, foi precisamente ele, em 1907, na Conferência de Paz de Haia, que
promoveu a idéia da independência da Polônia, quando ainda faltava muito para
alcançarmos isso. Foram também, durante a 1.ª Guerra Mundial, os soldados
brasileiros, entre eles os poloneses que estavam no exército do General Haller,
para lutarem na França pela independência da Polônia. Esse ato foi ao mesmo
tempo uma participação brasileira na nossa história, mas também uma
participação na história do Brasil, um ato muito importante. Depois tínhamos
outro exemplo da luta comum, durante a II guerra Mundial, quando soldados
poloneses lutaram na mesma frente da Itália junto com os soldados brasileiros.
Em todos esses casos nossos caminhos foram sempre juntos. Por isso a presença
polonesa, aqui em Porto Alegre, para nós significa muito, é uma contribuição
tanto para a história do Brasil como para a história da Polônia.
Senhoras
e senhores, eu acho que essa solenidade em homenagem à independência da Polônia
é também uma homenagem à contribuição dos poloneses para a história de Porto
Alegre, é também uma manifestação incrível, difícil de menosprezar a
"multiculturidade" de uma realidade de convivência de diferentes
culturas, de tolerância, como mencionou, aqui, antes, o Ver. Isaac Ainhorn,
muito bem dizendo, que não há lugar, não há espaço para a xenofobia; mas temos
lugar para a tolerância, para a convivência pacífica pelo bem do Brasil e, no
caso da Polônia, para o bem da Polônia.
Agradeço
muito às autoridades do meu País pela iniciativa de homenagear o Dia da
Independência da Polônia. Eu acho que seria muito bom que nunca esquecêssemos
da nossa história comum, que pode ser celebrada durante muitos anos essa data.
Referindo-me
ainda ao que disse o Ver. Isaac Ainhorn sobre as pessoas que trabalharam no
exílio para o bem da Polônia. Precisamente no último dia 11 de novembro, data
nacional polonesa, tive a honra de receber, em Brasília, o último Presidente da
Polônia no exílio, o Ex.mo Sr. Richard Kaczorowski, sendo o último
Presidente da Polônia morando na Inglaterra, passou, no ano de 1990, as
insígnias do poder presidencial ao primeiro presidente livremente eleito na
Polônia - Lech Walesa. Esse foi um ato de reconhecimento, um ato da
continuidade histórica do nosso Estado, mas também - e por isso estou falando
disso agora - o fim de uma situação, eu diria, esquizofrênica; de estar, uma
parte dos poloneses, fora do país, sem participar da história do nosso país, e
os demais em nosso país. Hoje em dia fizemos muito para reconhecermos a nossa
história, e reconhecemos a participação de todos os poloneses que saíram da
Polônia como uma parte importante da nossa identidade nacional.
Se
o Presidente da Câmara me permitir, queria fazer a entrega de um álbum sobre as
prefeituras que temos na Polônia ao Presidente da Sociedade da Polônia.
(Procede-se
à entrega do álbum.) (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Queremos lembrar que após o encerramento
desta Sessão teremos a apresentação de cantores e grupos folclóricos que serão
apresentados pelo Presidente da Casa.
Em
nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, agradecemos a presença de todos
vocês. É com muita honra e muita alegria que a Câmara se desloca para a
Sociedade Polônia para prestar esta justa homenagem a um povo que tem raízes,
tem cultura, e que, indiscutivelmente, tem contribuído e muito para o
desenvolvimento cultural, econômico e político do nosso Estado. Agradecemos do
fundo do coração a toda sociedade polonesa.
Convidamos
os presentes para ouvirmos o Hino Rio-Grandense.
(Ouve-se
o Hino Rio-Grandense.)
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h20min.)
* * * * *